quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Felicidade: uma eterna busca

Do alto da minha experiência de vida (pouca, diga-se) vislumbro que a felicidade, algo constantemente perseguido pelo ser humano, não é um presente dado. Mas, sim, um presente conquistado.

Há uma diferença muito sutil nisso.

Quantas vezes ao nos relacionarmos com nossos semelhantes não topamos com pessoas que ignoram, fazem pouco caso e até desprezam aquilo que nós a oferecemos? Ou ainda se irritam e se ofendem com uma atitude nossa que tem a maior das boas intenções?

Nesses casos não há pelo quê nos sentirmos ofendidos. O ser humano tem no seu íntimo um mecanismo muito curioso de valorização das coisas. Já se diz que tudo que é gratuito é de se suspeitar. Conosco é a mesma coisa.

Imaginemos uma situação: você está sentado num bar e de repente um cidadão se aproxima de sua mesa e lhe oferece 200 reais. Assim, do nada mesmo. E não há nada de suspeito no cidadão. Muito pelo contrário: bem vestido ele chama a atenção de todos no bar.

O que você faria nessa situação?

Muito com certeza alguns diriam que sem dúvida pegariam a grana e que se dane. Mas os sinceros (aqueles de maturidade e vivência) com certeza recusariam.

Por que recusar? Vá lá se saber o que o camarada pretende, não? E mesmo que o cidadão diga que está lhe dando o dinheiro por simplesmente ter ido com a sua cara com certeza a desconfiança ainda continuará.

Freud já dizia: "não tente fazer as pessoas felizes. Não é isso que elas querem"

Há um prazer diferente em se construir a felicidade e se ganhar a felicidade. Construir a felicidade é muito semelhante ao processo de construir uma horta. É um processo longo, penoso, demorado. Porém, com o tempo os resultados aparecem e são compensatórios. Taí a beleza da conquista: olhar para uma criação e nela enxergar as suas mãos, o seu suor, a sua dedicação total para que aquilo existisse.

Ao longo de nossa trajetória encontramos pessoas bacanas como também pessoas sacanas. As pessoas boas passam pela nossa vida de um modo particular. Muitas vezes elas não querem nada de nós. Apenas anseiam por uma conversa, uma troca de experiências e o compartilhamento de momentos alegres. Enquanto que o sacana é o contrário. Busca ao máximo se aproveitar de nós, abusando da nossa boa fé afim de alcançar seus objetivos sejam eles quais forem.

A tendência maior é sempre se valorizar os sacanas. Curioso como o ser humano valoriza aquelas pessoas que não gostam dele. A mulher que quer aquele cara que a maltrata. O homem que deseja a mulher que zomba de si e o despreza. Há um sabor diferente nas pessoas que não nos quer bem. E isso nos atrai. É injusto com as pessoas que nos quer bem? Talvez.

Porém, a justiça será dada na medida da nossa dedicação e compreenssão. Nesse cercadinho bendito chamado relacionamento a dois a oferta do amor gratuito nunca será bem sucedido. O coração humano anseia construir a sua horta. Mesmo que muitas vezes encontre mais pragas do que frutos. Porém, uma coisa é certa: é a sua horta c0nstruída. SUA. E isso tem muito valor.

A horta é a sua trajetória de vida. Cheia de alegrias, tristezas, decepções e conquistas. A felicidade não é dada em livro de receitas. Os pais que o digam, não? Quantas vezes não ouvimos os pais alertarem sobre os caminhos tortuosos da vida?

Frases do tipo: "Filho, não faça isso", "Cuidado, a noite é perigosa", "Olha, essa pessoa te engana", "Amigo mesmo é só pai e mãe". Na maioria das vezes vamos no contrário do que nos é ensinado. E muitas vezes damos com a cara no muro.

Nos decepcionamos? Sim, com certeza. Porém, temos a chance de aprendermos por nós mesmos como encontrar o caminho da felicidade. O homem tem esse direito.

E a trilha que leva a felicidade é tortuosa, dura e cruel. Mas todos nós devemos trilhá-la. Ninguém pode nos ensinar. Já que não há um único ser humano diplomado em matéria de viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário